domingo, 2 de dezembro de 2012

Tatuagem

- Mãe, vou fazer uma tatuagem!
A mãe, muito clássica em sua criação, repreende o filho:
- Filho, não faça isso! É coisa de vagabundo!!! ( como poderia dizer "é coisa de maconheiro" ou "é coisa de quem não tem o que fazer").
Quem lê esse texto provavelmente visualiza a própria mãe ou a avó e se coloca no lugar, pensando de forma diferente, acatando a vontade de filho, muitas vezes ainda menor de idade.
Mas, quem está certa? A mãe à moda antiga, que relacionava o tatuado aos marginais ou aos conscritos das forças armadas, ou a mãe moderna que tem uma borboleta desenhada permanentemente nas costas?
Sabemos que o costume de fazer tatuagens é antigo, especialmente nos povos do oriente. Os silvícolas primitivos das américas também pintavam o corpo, mas com tinta apagável, que saia do corpo nas primeiras lavagens.
As sociedades modernas deram às tatuagens um status mais nobre. Em qualquer classe social, é aceitável as pessoas aparecerem tatuadas, especialmente se o fizerem de forma discreta.
Talvez isso ocorra porque as tatuagens tem muito mais um caráter de ornamentação. As pessoas pensam mais em se embelezar, de se fazer diferente, do que quererem se mostrar mais fortes ou mais poderosos, como eram em outros tempos.
Isso tem multiplicado o número de tatuados.
Indubitavelmente, contudo, essa aparente aceitação é limitada. Quanto mais discreta a pessoa, melhor. Ou seja, o nível de discriminação é proporcional ao tanto que a aparência da tatuagem seja explícita. Pessoas com o corpo totalmente tatuado, ou mesmo aquelas que tem apenas um braço, por exemplo, completamente coberto por tattoos, ainda sentem na pele, literalmente, a força da repulsa social.
Ou seja, a sociedade tolera a tatuagem desde que ela seja discreta o suficiente ao ponto de não chamar a atenção.
É evidente que uma tatuagem não altera em nada o caráter ou a personalidade da pessoa. Não é um desenho na pele que determina se uma pessoa é correta ou não. Os que recriminam, porém, não podem ser simplesmente ignorados. Podem ser esses os responsáveis por pagar os salários do tatuado que procura uma ocupação.
Enfim, se você é uma pessoa independente o suficiente, faça sua tatuagem, se é isso que você quer. Para quem ainda está correndo atrás de um lugar na sombra, o melhor é ser discreto, sob pena de não ter condições de pagar as próprias contas.


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