Navegando no site do Correio Braziliense, vejo fotos de pessoas fazendo fila para participar do velório do arquiteto Oscar Niemeyer. Em outra foto, uma pessoa do povo para ao lado do caixão e fica olhando pela “janelinha” o defunto famoso.
O que leva uma pessoa a sair de seus afazeres, ir para o centro de Brasília e enfrentar uma fila para olhar para um morto que ele só conhece pela televisão?
Será que estariam querendo ter certeza da morte do velhinho, conhecido por sua longevidade?
Só curiosidade? Ou seria apenas para prestar uma homenagem?
Mas o homenageado está morto! Vai ser curioso assim lá longe!
Os familiares e amigos, tudo bem, precisam velar seus entes queridos, dar o último adeus, consolar os mais próximos.
Agora, e o povão?
Tudo bem que o cara era famoso, que projetou os principais prédios da cidade etc. mas daí a alguém passar um perrengue prá poder ver um desconhecido por 10 segundos pela janelinha de um caixão?
Tenha santa paciência!
Não consigo vislumbrar uma razão para tanta irracionalidade.
- Fui prestar uma homenagem, disse a velhinha no meio da fila.
- Era um grande homem, justificou o cidadão de bermuda e máquina fotográfica na mão.
Milhares de coisas que ficaram por fazer, concentradas numa fila, na mão de seus responsáveis.
Enquanto isso, a vida continua andando, o tempo passando, a roupa suja esperando, o japonês estudando, o shopping enchendo e a minha mesa empilhando de processo...
Será que eu tô azedo demais?
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