Ligo a TV. Mas sou obrigado a baixar o volume. Primeiro, porque o silêncio exige. Segundo, porque a escuridão obriga. Mesmo assim, a TV desafia o silêncio, a escuridão e o marasmo.
O frio da escuridão e do silêncio me obrigam a pegar um cobertor. Seria o frio maior que seus companheiros? Tenho que começar de novo.
Enquanto o frio predomina, a escuridão e o silêncio namoram. O fim do frio é inversamente proporcional a quantidade de luz. E de som. Até que você acorda e corre prá pegar um cobertor. Enquanto anda, o silêncio é desafiado pelo som dos passos, que mesmo sem chinelo, ecoam pelo corredor. A escuridão não impede que eu faça nada pois eu sei aonde deixei o cobertor. Mas desafiar a falta de luz pode ser perigoso. Basta um tropeço par que o silêncio fuja e todos acordem.
Cada vez tenho menos dúvida. Não existe escuridão sem silêncio. Nem silêncio com luz.