terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Milagre?

Certa vez, um amigo, que não é católico, me perguntou o que seria um milagre.
Sem muita convicção, respondi que eram situações que aparentemente não tinham solução e de repente, sem explicação, estavam solucionadas. Como alguém que é curado mesmo portando uma doença grave. Debatemos um pouco e não conseguimos nos convencer.
Já passei por algumas situações na minha vida que poderiam ser enquadradas como misteriosas, candidatas a serem um milagre. Vou contar uma delas.
Quem já me olhou sem camiseta percebeu invariavelmente três coisas:
a) minha tatuagem do Botafogo no braço esquerdo;
b) meu implante de silicone no bucho, que escondeu minha barriga de tanquinho e me faz parecer um autêntico beberrão de cerveja (como meu amado mestre Homer Simpson);
c) uma mancha que eu tenho no ombro esquerdo.
Vou contar a  história misteriosa dessa mancha.
Quando nós chegamos no Guará em 1973 eu tinha seis meses de idade. Naquela época minha amada cidade tinha um aspecto ímpar. As casas todas iguais, com muro baixo e sem portão. O que se destacava, contudo, era a poeira (que dependendo das condições climáticas virava lama).
Aquela poeira vermelha era inimiga das crianças. E comigo não foi diferente. Foi diferente de uma forma diferente. Enquanto as outras crianças sofriam com problemas respiratórios, fui acometido de uma alergia àquele pó que acompanhou o nascimento da cidade.
Minha mãe me levava aos médicos e ninguém achava uma solução para o problema. Aquela alergia provocava ferimentos no meu corpo (especialmente nas costas) ao ponto de eu não poder usar camiseta.
Um belo dia, aliás, um empoeirado dia, estava na frente de casa e passou uma mulher pedindo esmolas. Ela começou a conversar com a minha mãe e percebeu o meu ferimento provocado pela alergia. Imediatamente, aquela senhora desconhecida ensinou um "remédio" para a minha mãe, afirmando que eu me curaria rapidamente.
Agradecida pela atenção da pedinte, minha mãe foi até a cozinha de nossa casa para pegar alguns mantimentos para doar àquela bondosa alma.
Quando minha mãe voltou, cadê a mulher? Sumiu! A mãe ainda saiu na rua procurando por ela e nem sinal.
Assustada com a situação, minha mãe foi a farmácia e comprou os ingredientes para fazer o remédio caseiro  ensinado pela mulher. E não deu outra. Em poucos dias, aquela ferida que parecia incurável desapareceu. Ficou apenas a mancha que carrego no meu ombro até hoje.
A cura da minha chaga veio de uma mendiga que ninguém nunca viu....
Dependendo do seu ponto de vista, pode ser uma coincidência. Para mim um grande mistério. Quase um milagre....


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