sexta-feira, 23 de novembro de 2012

NÃO!

Um dos maiores problemas das pessoas é lidar com a palavra "não". Ninguém gosta de ter seu pedido indeferido ou de ter sua pretensão resistida. Quando somos mais novos deixamos de fazer perguntas com medo de receber o "não" como resposta.
- você quer namorar comigo?
- Não!
- pai me arruma uma grana?
-Não!
Prá que isso não ocorra, o cara ou a menina preferem não perguntar. E aí perdem a oportunidade de ganhar um "sim" ou um dinheiro prá dar um rolé.
Transportando para o mundo adulto, os "nãos" são muito mais frequentes e as pessoas começam a se acostumar com eles. Não significa que comecem a aceitar a resposta negativa. Passa a ser uma questão de sobrevivência. Ou o pergunto ou ou danço. Ai o cara pergunta e a resposta "não" cai como uma bomba no seu colo. Não falo apenas de relacionamentos mas de tudo que acontece na vida.
Na justiça é muito comum a pessoa entrar com uma ação pedindo danos morais porque determinada empresa se negou a cumprir uma cláusula contratual, seja trocar um produto, seja consertar algum defeito.
E empresa diz "não" e o cara acha que sua moral foi afetada e que merece ser indenizada. Ora, se a empresa diz "não" e você acha que teria direito de receber o "sim" como resposta, vá a justiça e faça que a empresa diga "sim". Isso não quer dizer que a sua moral foi abalada e que você merece ser indenizado! E se é você que diz "não" para a empresa, como por exemplo, quando você deixa de fazer o pagamento de um boleto. A empresa também ficaria com sua "moral" abalada a ponto de ser indenizada?

Ontem, um perfil do twitter relacionado ao vocalista Roger da banda Ultraje a Rigor postou a seguinte mensagem:
<<"M* de país fuleiro! Venho registrar minha filha com CNH, "não pode, o nome dos pais está abreviado", ah vai chupar um c*, Brasil!!>>
Ora, o cara quer registrar o nascimento da filha com um documento onde seu nome está abreviado e ele acha que o cartório tem que aceitar? Corretamente, o cartório disse não. E o nervosinho tirou a cueca pela cabeça. O pior veio depois. Fiz o seguinte comentário, em resposta ao Hélio de La Peña, que também citou o tweet:
<<Como as pessoas tem dificuldade em receber um não. Já começam logo a xingar. Bota a RG na carteira que o problema tá resolvido>>
Aí o cara se doeu mais ainda, e soltou outra pérola para nós dois:
<< vai chupar um c* vc tb, seu vendido idiota! Eu ESTOU com meu documento oficial na carteira, ô ignorante!>>
O ignorante, que me chamou de ignorante, está com um documento oficial na carteira com o nome abreviado. E quer que a filha seja registrada com o nome abreviado? Ou quer que o escrivão acredite que aquela letra R abreviada signifique Rocha? Ou seria Rodrigues? 
Reconheça o "não" e vá buscar um documento onde o nome esteja completo. Mas não, prefere se fazer de idiota e começa a esculachar todo mundo.
O Hélio foi mais tranquilo na resposta:
<<caraca! foi mal aí!>>
Eu acabei de botar pimenta:
<<entao corre pro cartorio, senao o pai da crianca chega antes! Kkkkk. Relaxa vei!!!!>>

Tudo isso por causa de um não.
Precisamos entender que não estamos sozinhos no mundo e que nossos direitos não são, nenhum deles, ilimitados. Ultrapassar qualquer um dos limites pode significar receber uma interpelação negativa. Cabe a pessoa ter sabedoria e saber lidar também quando a resposta não lhe agrada. Exige paciência e autocontrole. Mas qualquer um consegue. Faz parte do contrato social que estamos envolvidos, mesmo sem saber.
-Não!
- paciência...

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