quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Angústia


Passado o susto, relato o momento mais angustiante da minha vida.
Meu filho Gabriel, 15 anos, desde pequeno tem desvio de septo e adenóide. Prudente, Dr João Batista, seu pediatra, recomendou que a cirurgia fosse feito aos 15 ou 16 anos. O tempo passou e o dia chegou. Ontem. Feitos todos os exames, foi marcada a cirurgia que transcorreu dentro da normalidade, apesar de o médico ter relatado que tratava-se de um caso complicado pois o desvio estava muito fora do padrão.
Pois bem, Gabriel foi para o quarto. Estava tudo bem, fora um leve sangramento que estava sob controle. "É tudo normal", diziam as enfermeiras, apesar da nossa preocupação. E de fato, parecia simples pois o sangramento estancou, ao ponto de o garoto cair no sono. 15 minutos depois, quase as 17h, o sangramento voltou mas numa intensidade muito maior. Seguimos o que nos era indicado e nada do sangue parar de correr. Gabriel começou a reclamar de dor, enquanto eu perturbava as enfermeiras. Até que a enfermeira chefe apareceu e reparou que o sangramento nao era normal como parecia. Por uma graça de Deus, poucos minutos depois, apareceu o Dr. Gustavo, que havia operado o Gabriel pela manhã. Percebi que ele nao achou nada normal naquele quadro que encontrou. Seguindo o protocolo, ele tentou fazer um curativo para estancar o sangue, mas foi em vão. Então ele levantou a hipótese de voltar com meu filho para o centro cirúrgico. Eu nao tinha outra coisa a fazer, que nao fosse transmitir segurança ao medico e ao Gabriel, na medida do possível. Descemos os três para o centro cirúrgico. As 19h08 eles entraram para a cirurgia, enquanto eu esperava de fora. Ao me despedir do meu filho, fiquei com a voz embargada: "Deus te abençoe. Daqui a pouco estamos juntos de novo." Só me restava esperar. Angustiado, cheguei a fazer uma oração. Mas o silencio insistia em fazer companhia para mim. E o tempo corria bem devagar. E o silencio dentro de mim aumentando, apesar da televisão ligada e da conversa das outras pessoas que estavam naquele ambiente na mesma situação. Mais de duas horas depois, que passaram infinitas vezes mais rápido que essa frase, o Dr. Gustavo trouxe a noticia que eu queria ouvir. Relaxei. Agradeci a Deus o tempo todo que esteve ao meu lado me impondo aquele silencio angustiante, que depois eu percebi que era necessário para que eu mantivesse a serenidade. Obrigado a Deus e a equipe medica que soube resolver o problema que afligia meu filho. Tenho certeza que o Espirito Santo, como em pentecostes, agiu pelos doutores naquele momento. Agora são 23h40 e o Gabriel pegou no sono. Nada de sangue. Apenas o soro que acabou. Tenho que chamar a enfermeira.

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